* Artur Bueno de Camargo
Quando o governo Fernando Henrique Cardoso, num ato injusto, implantou o famigerado fator previdenciário com o argumento de que os contribuintes estavam se aposentando muito cedo, travamos muitas lutas no Congresso Nacional, objetivando a derrubada do fator.
Nessa época, os parlamentares que mais nos apoiaram pertenciam ao Partido dos Trabalhadores (PT), inclusive, com o discurso de que a medida só poderia ser de um governo neoliberal para cometer tamanha injustiça com os aposentados.
Quando o ex-presidente Lula, do PT, foi eleito, o movimento sindical cobrou dele a revogação da lei que implantou o fator previdenciário, mas em momento algum o ex-presidente Lula demonstrou interesse em corrigir a injustiça que ele próprio, na condição de sindicalista e deputado federal, afirmava.
Não obtendo êxito diretamente com Lula, passamos a investir em ações no Congresso Nacional através de visitas nos gabinetes dos parlamentares, mobilização da sociedade, audiências públicas no Senado e na Câmara Federal, fazendo várias vigílias naquela Casa, até que o Congresso aprovou a derrubada do fator previdenciário.
Para a decepção do movimento sindical, aposentados, pensionistas e sociedade em geral, o senhor Luiz Inácio Lula da Silva, então presidente da república, vetou o fim do fator. E agora, recentemente, a presidente Dilma, para remediar a injustiça do fator previdenciário, aprovou a Lei dos 85/95, evidentemente que isso não corrige a injustiça que o fator previdenciário comete aos aposentados.
Atualmente, o Congresso Nacional aprovou que o mesmo reajuste do salário mínimo deve ser aplicado nas aposentadorias, pensões e demais benefícios do INSS com valor superior ao salário mínimo.
A meu ver, esta decisão vem corrigir outra injustiça, pois se o segurado está recebendo valor superior ao salário mínimo é porque ele contribuiu com valor superior para a Previdência. Mas, infelizmente, a presidente Dilma vetou e se o Congresso não derrubar o veto, mais uma vez o governo do PT, de forma contraditória, irá demonstrar que aquilo que contestava dizendo que era injustiça no passado, hoje, pratica contra os trabalhadores e contribuintes da Previdência Pública.
* Presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores nas Indústrias de Alimentação e Afins (CNTA Afins)